Em tempos de mídias sociais, onde ou se é “gratidão” ou se é Hater, o que mais lemos e vemos são postagens muito longe do que
todos sabemos ser a realidade que vivemos, percebemos, sentimos e pensamos.
Sim, são pelo menos esses 4 os estágios para o processamento mínimo de algum evento digno de registro na vida de qualquer um.
Com o passar dos anos, todos vamos sofisticando a forma
como processamos nossas experiências pessoais. Estamos constantemente fazendo
isso. Eventualmente, revisitamos experiências anteriores e as resignificamos.
Graças à experiência de vida que vamos adquirindo com o passar dos anos,
acabamos por ganhar um conhecimento empírico a respeito de nós mesmos que nos
permite ser mais assertivos em nossos posicionamentos e opiniões. À evolução
desse processo chamamos de amadurecimento.
Nesses tempos de quarentena, é inevitável que esse processo de lembrar eventos adormecidos seja potencializado.
Como conseqüência imediata,
sentimos recrudescer os mesmos sentimentos que experimentamos na ocasião
original. Está aí uma excelente oportunidade para resignificarmos esses incômodos
fantasmas que nos atrapalham quase sem percebermos.
Tenho revisitado eventos na
lembrança e recontatado amigos pelas redes sociais que não via há tempos.
Mas, não são todos que estão interessados ou tem
interesse em interceder na própria forma de pensar e ver o mundo.
Ficar velho
todos os que não morrerem antes irão ficar. Mas, amadurecer não. Somente os que
aprenderem a ser pessoas melhores. Ser gente boa dá trabalho, não é pra
qualquer um. É preciso ser gentil, amigo dos amigos e ter atitudes que aumentam
a auto-estima e o respeito alheio. E, ser gente boa oferece muitas vantagens,
mas quem é gente boa de verdade não o é por elas. É porque amadureceu.
Sim,
amadurecer é gostoso e faz muito bem para a autoestima e funciona, também, para
que nossos amigos continuem a gostar e a confiar em nós. Mudar é gostoso.
Nunca
entendi alguém bater no peito e declarar “sempre fui assim e não vou mudar”! Mesmo sendo um imbecil que ninguém suporta...
Sempre que vejo alguém dizer isso, ouço dentro da minha
cabeça o personagem mexicano Chaves falar:
- “Ai, que burro!!!”
Amadurecer significa, também, aprender como cada um de
nossos amigos gosta ou não gosta de ser tratado. Isso é empatia. E, é um dever
de cada um de nós desenvolvê-la o melhor possível, caso contrário corremos o risco de nos tornar inconvenientes e chatos. Com o passar dos anos nos
tornamos mais seletivos e certas atitudes infantis não tem mais lugar no nosso mundo.
Envelhecer sem amadurecer é aprisionar uma criança num
corpo velho.
Houve época em que eu tinha certo ranço e muita
dificuldade em ter que lidar com certos amigos de muito tempo que não tinham
amadurecido. Ao contrário, depois dos 50 pareciam ter regredido. Quase insuportável aturá-los, e isso é triste.
Não sou psicólogo para ficar construindo teorias de como
e porque acontece isso com algumas pessoas, mas testemunho constantemente esse
fato.
Uma coisa é um encontro de amigos num churrasco, onde
todos estão ali para ser criança mesmo, para brincar e se divertir. Não é
dessas ocasiões que estou falando.
Estou falando daqueles que não mudam sua forma de nos
tratar, não por maldade ou outro intuito, mas por não terem percebido que o
passar do tempo trás a necessidade de novas posturas e atitudes, mesmo com
velhos amigos.
Com o passar do tempo aprendemos o valor da gentileza, do
carinho e da confiança que nos leva a confidências e a trocas mais profundas de
amizade. Aprendemos como é bom reverenciar e ser reverenciado pelos amigos.
Algumas brincadeiras que são comuns quando somos crianças
e adolescentes não tem lugar no mundo adulto.
Muitas vezes, esses reencontros, presenciais ou virtuais,
nos causam muito embaraço quando nos deparamos com pessoas que não perceberam
essas sutilezas, essa lapidação que a vida nos exige e que nos faz mais polidos
e interessantes para as pessoas que fazem parte da nossa vida.
É comum, quando somos jovens demais, que tenhamos
brincadeiras grosseiras e provocativas entre amigos. São apelidos, rótulos e
outras coisas que não são propriamente agradáveis, mas que suportamos porque é
normal suportar naquela idade. Mas, quando a idade adulta chega nos tornamos
cada vez mais avessos a grosserias e provocações.
Mas, parece que nem todos pensam e se desenvolvem nesse
sentido.
Alguns continuam com as mesmas grosserias e provocações
de quando tínham 15 anos de idade. Naquela época era chato, mas todos riam. Trinta
anos depois, é só muito chato e inconveniente. E, decepcionante.
Hoje, não tenho mais o ranço que tinha desses amigos
perdidos na terra do nunca. Ao contrário, sinto empatia. Deve ser muito difícil
ser uma criança aprisionada num corpo de velho.
E, só existe um remédio pra isso, amadurecer. Quando a gente amadurece, em vez de detestar
ser velho, descobre que as coisas boas podem não acabar nunca.
Existem reencontros que fazem nossa alma brilhar com a
mesma intensidade de sempre.
Fico triste quando reencontro amigos que nunca cresceram.
_________________________________________________________________________
O Leblon pré-novelas do Manoel Carlos.
Contos e crônicas.
O cotidiano do bairro.
Clipper, Pizzaria Guanabara, BB Lanches, Jobi, Bracarense
e outros lugares tradicionais do Leblon
são os palcos dessas histórias.
______________________________________________________________________
Nenhum comentário:
Postar um comentário