Um fato tem me chamado cada
vez mais a atenção nessa pandemia: a não explosão de adoecimentos e mortes por
covid-19 nas comunidades mais carentes, na população de rua e nas cracolândias.
Fiz uma pesquisa rápida e
pouco extensa sobre o assunto e quase não encontrei menção ao fato. A não ser
por uma pesquisa que segue sendo colhendo dados em Belo Horizonte.
Profissionais do Consultório
de Rua, projeto da Prefeitura de BH, em que os agentes abordam, diariamente,
pessoas que não tem onde morar para realizar atendimentos estão impressionados
com a, praticamente, inexistência de doentes sintomáticos de covid-19.
Segundo a instituição, “Estamos encontrando muitos moradores de rua sem os
sintomas para o novo coronavírus. É um fenômeno que a gente tenta entender,
pois por viverem nas ruas, eles estão mais expostos.”
No Rio, a essa altura do
campeonato, podemos intuir que todas as comunidades carentes da cidade, das
gigantes às menores, já tem um número bem alto de contágio sem, no entanto,
apresentarem um número proporcional de contagiados que apresentam os sintomas
mais severos. Há Hospitais de campanha que nem chegaram a ser inaugurados e já
foram desativados por falta de necessidade. Podemos concluir que a explosão
aguardada não aconteceu.
Por último, a que mais me
intriga: a cracolândia da capital paulista.
São indivíduos que acumulam uma
série de comorbidades que os fazem ser a soma de todas as carências e
vulnerabilidades das comunidades anteriores citadas nesse texto: são moradores
de rua também+ são viciados com a saúde combalida+ são, geralmente,
subnutridos+ compartilham todo tipo de utensílios e materiais contaminantes.
Ou seja, a depender da
lógica, essa população deveria estar sendo devastada, os corpos deveriam estar
se amontoando naquele pedaço do centro de São Paulo. E, definitivamente, por
enquanto, corridos já mais de 70 dias de pandemia, não é isso que está
acontecendo.
Não sou profissional nem
grande entendedor de nenhuma especialidade que me autorize a emitir qualquer
opinião que devesse ser levada em conta sobre esse assunto. Faço questão de
deixar clara minha semi-ignorância sobre esse assunto tão sério. Mas, como todo
mundo, me interesso pelo que está ocorrendo nesse momento tão único da nossa
história. E, dentre as coisas que mais me tem surpreendido, felizmente, essa
aparente resistência das populações mais desfavorecidas é uma delas.
Ainda bem
que tem sido assim. Que continue.
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