A
mágoa é o sentimento de que nosso eu foi desvalorizado pelo mundo. Ela é
por vezes chamada de ‘ressentimento’, pois se trata de um sentimento
que é experimentado de novo cada vez que o evento doloroso é relembrado.
Entretanto, o evento que causa a mágoa nem sempre a causa no momento em que ocorre. Muitas vezes, a experiência de um evento é trivial, e a mágoa só surge quando ele é lembrado e significado por nós como ofensivo ou desrespeitoso com nossa pessoa. Assim, somos nós mesmos que julgamos nosso eu como desvalorizado. Na mágoa, nossa auto-imagem é depreciada perante nossos próprios valores, ou perante nós mesmos. É o eu que se torna depreciado perante o próprio eu.
Entretanto, o evento que causa a mágoa nem sempre a causa no momento em que ocorre. Muitas vezes, a experiência de um evento é trivial, e a mágoa só surge quando ele é lembrado e significado por nós como ofensivo ou desrespeitoso com nossa pessoa. Assim, somos nós mesmos que julgamos nosso eu como desvalorizado. Na mágoa, nossa auto-imagem é depreciada perante nossos próprios valores, ou perante nós mesmos. É o eu que se torna depreciado perante o próprio eu.
De
frente com o fato de que o eu é a instância julgadora do próprio eu,
Freud dividiu o eu em ‘eu’ e ‘supereu’, atribuindo ao supereu a função
de instância julgadora do eu. O eu só é julgado por si mesmo.
Conseqüentemente, toda desvalorização do eu parte do próprio eu. Mas, na
mágoa, consideramos que nosso eu foi desvalorizado por outras pessoas,
pela vida ou pelo mundo. Uma vez que nós mesmos julgamos nosso eu como
desvalorizado, julgamos o evento que, a nosso ver, o desvalorizou como
‘desvalorizador’, e o agente desse evento como a pessoa que executou a
desvalorização. Tudo isso é conseqüência do julgamento a que submetemos
nosso próprio eu.
Acusamos
as pessoas de terem nos desvalorizado, mas essa acusação é conseqüência
do fato de nós mesmos nos desvalorizarmos. Nosso eu se tornou
desvalorizado perante si mesmo, e isso significa que é o eu que está
rejeitando e criticando o próprio eu. Na mágoa, o eu rejeita a si mesmo
como destituído de valor, se recusa a aceitar a si mesmo nessas
condições e ainda assim manda a conta do julgamento para outra pessoa.
Mas, não foi o outro que julgou e condenou o eu; foi o próprio eu que se
submeteu a essa humilhação. O outro é responsável pelas suas ações. Se
ele comete uma falta, deve ser responsabilizado, inclusive judicialmente
se for o caso. Mas, o julgamento depreciativo que o eu faz de si mesmo
por conta das ações de outros é de responsabilidade dele mesmo. Mesmo
que a ação do outro seja a de nos julgar depreciativamente, esse
julgamento difere do julgamento de nosso eu por si mesmo. A mágoa é
produto do julgamento do eu por si mesmo, e ele não pode cobrar ninguém
por isso. Mesmo porque, ainda que a conta seja mandada ao outro e que
esse outro queira nos ressarcir, como ele poderia fazer isso? A mágoa só
desaparece quando o eu faz as pazes consigo mesmo; ela só desaparece
quando o eu revê e anula o julgamento depreciativo sobre si mesmo. Se o
eu não revê seu julgamento, não há nada que o outro possa fazer. É o eu
quem dá a última palavra sobre o abandono da mágoa. Assim, além de ele
não precisar de ninguém mais para tanto, não há nada que alguém possa
fazer se ele não se dispuser a fazer o que deve ser feito.
Mágoas
são difíceis de serem superadas porque nós insistimos em mandar aos
outros a conta de um julgamento sobre nosso eu que fomos nós mesmos que
fizemos e do qual somente nós podemos recorrer e rever. Mágoas são
difíceis de serem superadas porque passamos um longo tempo esperando o
pagamento de uma conta que não pode ser paga. E se a conta não pode ser
paga, então a dívida não existe! A pessoa que nos magoou não nos deve
nada. Ela deve ser responsabilizada pelos seus atos, certamente; mas, a
conta pela ferida em nossa auto-estima, que insistimos em mandar para
ela, Nãopode ser paga por ela. E não pode ser paga por ela porque essa
conta não é dela; a dívida é nossa e só pode ser quitada por nós mesmos.
Quando
pensamos em superar uma mágoa, imaginamos uma série de condições que
deveriam ser satisfeitas: Ações de ressarcimento da pessoa que nos
magoou, longos períodos de “crescimento” pessoal, etc. Nenhuma dessas
condições é necessária. O eu é autônomo em seu julgamento sobre si
mesmo. Ele não depende de nenhuma condição para julgar e de nenhuma
condição para anular esse julgamento. A dificuldade está justamente em
entender isso.
Por Daniel Grandinetti, psicólogo clínico e mestre em Filosofia em Belo Horizonte.
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