Dicionário Michaelis:
Obsoleto: adj.
1. Caído em desuso; antiquado, arcaico: “Sabe como é informática, tem sempre um
modelo mais avançado sendo lançado no mercado, basta você tirar o produto da
loja para ele ficar obsoleto e perder o valor” . 2. Biologia; Diz-se de órgão
atrofiado ou sem funcionalidade.
Não são só produtos, ferramentas, tecnologias, costumes e
padrões que se tornam obsoletos, pessoas e idéias também. Por inúmeros motivos,
mas em sua esmagadora maioria, porque descobertas, invenções e novos pensamentos
lhes sucederam como resultado da evolução do conhecimento humano. Incluindo o
autoconhecimento.
A velhice não me assusta. Nem adiantaria mesmo, ela é a
melhor opção que temos para o passar dos anos. O que sempre me assustou, desde
que percebi que algumas pessoas se tornavam obsoletas, foi me tornar uma
delas. Desinteressante sem nada a
acrescentar, achando que não tinha mais nada a aprender ou mudar. Me dava
arrepios essa idéia e continua me dando.
Tem gente que parece que perdeu o trem da história e ficou vagando por aí sem rumo.
Tornar-se obsoleto é não acompanhar a evolução do mundo,
dos conceitos, das novas soluções, é não participar dos novos sucessos e fracassos.
Por mais que discordemos das mudanças, elas são inexoráveis.
Pessoas obsoletas não contribuem para novas soluções, para
novos pensamentos, porque não sabem brincar fora de seu limitado quadrado. Não
gostam de inventar. Falta-lhes vontade, ousadia e curiosidade.
Quem disse que só existem as soluções e caminhos já
trilhados? Não parece muito claro que existem vários outros esperando para
serem inventados, configurados e trilhados?
A “miscigenação” das idéias é tão fundamental quanto à de
pessoas para que se inventem novos caminhos.
A humanidade só se desenvolveu
porque conseguiu acumular conhecimentos, e cada um que vinha na frente já contava
com o conhecimento acumulado pelo que lhe antecedeu.
E assim, demos saltos cada vez maiores. Nas últimas
décadas esses saltos aconteceram cada vez mais rápido, a ponto de mudar
praticamente toda a configuração do mundo em 30 anos, com o advento da informática
e da internet. O acesso a informação acontece,
hoje, numa velocidade impensável há 20 anos.
Quando leio sobre coisas tão absurdas como pessoas falando de planeta plano, questionando vacinas e fundamentalismos religiosos criminosos e segregadores, sinto um arrepio na alma. Coisas que já eram
obsoletas séculos atrás, desde de Galileu, parecem reaparecer de forma inacreditável... isso dá muito medo. Que falta
faz uma educação de qualidade. O custo da ignorância sempre foi altíssimo na história da humanidade.
Tornar-se obsoleto é perder a capacidade de observar sem
julgar, com o único intuito de saciar a própria curiosidade, de aprender uma
novidade, de acumular conhecimento. Tornar-se obsoleto é mais triste do que se
tornar velho. É perder o interesse de participar das histórias, mas viver no
meio delas, como um ser invisível. É parar de perguntar como, por que, onde,
quem, quando e de aprender com as respostas que recebe.
É desistir de aprofundar-se na compreensão da natureza
humana e de si mesmo. Uma pessoa obsoleta não faz diferença alguma para as
outras pessoas, porque tudo o que ela pensa se tornou um acumulado de preconceitos
que já não determinam mais nada. Nada é mais obsoleto do que preconceitos.
Todos.
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