Será
razoável supor que tenham
feito
o esforço para chegar até aqui
e
se esconder como luzes nos céus?
Estou
passando a semana na Amazônia como parte das celebrações de dez anos da Fapeam
(Fundação de Amparo à Pesquisa da Amazônia) e a convite da Secretaria do Estado
da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Fora
o deslumbre da grande diversidade da fauna e flora local, a visita ao encontro
das águas do rio Negro e do rio Solimões e um certo choque em ver a enorme
industrialização junto aos rios, um assunto que parece ser de grande interesse
local é a possibilidade de que misteriosas luzes nos céus sejam espaçonaves de
origem extraterrestre.
Vamos
investigar a possibilidade de que seres extraterrestres tenham algum interesse
pelos céus da Amazônia ou mesmo pela Terra em geral. Antes, um pouco de
astronomia.
O
grande desafio de viagens interestelares são as distâncias gigantescas. O Sol
está a aproximadamente oito minutos-luz da Terra. Ou seja, a luz, viajando a
300.000 km/segundo, demora oito minutos para cobrir os 150 milhões de
quilômetros até aqui.
Digamos
que queremos visitar o sistema estelar mais próximo da gente, na constelação do
Centauro. São quatro anos-luz. Viajando na espaçonave mais veloz que temos, a
50.000 km/h, demoraríamos cerca de 100 mil anos para chegar lá!
Obviamente,
se alguma inteligência extraterrestre existe, se desenvolveu tecnologia que não
temos a menor ideia do que seja, capaz de viagens próximas da velocidade da
luz, e se tem interesse em nos visitar, a viagem demoraria muito tempo. Talvez
mandem arcas que viajam por muitas gerações pelo espaço, com vidas inteiras
passadas dentro delas. Onde estão?
Será
razoável supor que tenham feito esse esforço todo para chegar aqui e se
esconder, meras luzes misteriosas nos céus? Em 1950, o físico Enrico Fermi fez
um cálculo simples, mostrando que, se inteligências capazes de viagens
interestelares existem na nossa galáxia, teriam já tido tempo de sobra para
colonizá-la. "Onde estão eles?", perguntou-se.
Esse
é o Paradoxo de Fermi: nossa galáxia tem 10 bilhões de anos e 100.000 anos-luz
de extensão. Vamos supor que uma inteligência surgiu em algum canto um milhão
de anos antes da gente, o que é bem razoável, considerando que a galáxia tem
200 bilhões de estrelas e possivelmente trilhões de planetas e luas.
Esses
seres do planeta Yczykx têm espaçonaves que viajam a velocidades de 10% da
velocidade da luz. Ou seja, em um milhão de anos, poderiam ter viajado de ponta
a ponta da galáxia, incluindo várias passagens pela Terra. Se tivessem surgido
não um, mas 10 milhões de anos atrás, poderiam ter colonizado a galáxia
inteira. E certamente não nos contataram de forma direta e clara.
Portanto,
ou vieram, não gostaram e foram embora, ou estão aqui, mas têm uma tecnologia
de invisibilidade que elude nossos sistemas de detecção, ou nos criaram como um
experimento genético que seguem de longe, como num zoológico, ou, o que é mais
provável, nunca vieram aqui ou vieram e não deixaram nenhum sinal.
Das
várias explicações para luzes estranhas nos céus, as mais plausíveis
--fenômenos atmosféricos, balões de pesquisa etc.--, mesmo que menos
dramáticas, são muito mais realistas.
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