Sou absolutamente leigo em meteorologia,
como 99% da
população. Ou seja, presa fácil
para os “entendidos”
em climatologia.
Entretanto, não sou dado a teorias da conspiração. Meu
argumento para desacreditar firmemente de conspirações fantásticas é que não
existem segredos que não sejam violados por um bom punhado de dólares. Dessa
forma, quando mais fantásticas as teorias conspiratórias, maior o volume de
dólares necessários para calar os depositários desses supostos segredos. Pouco
provável que algum desses seres humanos que “sabem” sobre essas verdades escondidas resistissem a essas gordas quantias que esses segredos lhes valeriam.
Ou, ao poder que a f ama da revelação lhes traria. Estamos falando de dois dos
mais poderosos corruptores da alma humana: dinheiro e fama (o que somados criam
o poder de construir uma vida de confortos e vaidades.) Poucos resistem a essas tentações.
Não digo que não existiram ou existam algumas
conspirações verdadeiras e orquestradas por poderosos capazes de calar os
inconfidentes com dinheiro ou de outra forma tão eficaz quanto mais sinistra. Com certeza existem.
Outra certeza é que, sobre essas, nada sabemos e não saberemos ainda por um
tempo. Mas, a história é implacável e poucas resistiram ou resistirão ao crivo
das futuras gerações.
Além de tudo isso, prezo muito minha sanidade mental e
procuro selecionar minhas escorregadas.
O primeiro crivo que uso é minha experiência pessoal, meu
conhecimento empírico. E aí, começo meu
assunto nessa crônica: em que e em quem acreditar sobre as informações com
relação ao suposto aquecimento global?
Fica muito difícil formar uma opinião quando somos leigos
e ouvimos e vemos informações contraditórias sobre o assunto.
A imagem de uma geleira derretendo é sempre
impressionante, ainda mais quando se trata de enormes montanhas de gelo
despencando na frente da camera.
Impressiona qualquer um. Se colocar uma
locução dramática e uma trilha sonora emocionante, fica praticamente impossível
não correr para apagar o primeiro fósforo que virmos aceso. Somos assim por natureza, impressionáveis,
principalmente, por imagens.
Poluição e mamíferos ruminantes produzindo gazes que
causam efeito estufa, incêndios na Amazônia, na Austrália e outros lugares do
globo. Isso está acontecendo verdadeira e inegavelmente.
Para mim, a experiência pessoal é um componente importante para que eu possa ter uma opinião formada sobre
qualquer assunto. Até na metodologia científica a observação feita pelo
indivíduo é fundamental e um passo importante na construção de uma teoria científica
sólida. O empirismo é, durante toda história humana, um elemento fundamental que
possibilitou descobertas e avanços significativos em todos os segmentos.
Aqui, o exemplo é o verão de 2020 no Rio de Janeiro. Hoje,
quinta-feira, dia 27 de fevereiro de 2020, a temperatura durante o dia está na casa dos 23 graus. Definitivamente, isso não é comum no nosso verão que conheço há mais de 50
anos! Nesse momento, enquanto escrevo esta crônica a temperatura é de 22
graus, às duas da tarde.
Do jeito que tudo
está polarizado, principalmente no Brasil, está muito difícil adotar uma
opinião esclarecida sobre qualquer
coisa. Para isso, é necessário ter um conhecimento pessoal suficiente para não
depender de outros para se formar algum tipo de convicção. E, essa confusão
informativa também alcançou as discussões climáticas de uma forma avassaladora.
Fica muito difícil acreditar numa teoria que diz que nunca foi tão quente
quanto agora enquanto tenho que colocar uma camisa em pleno verão carioca porque estou sentindo certo frio. A previsão para a noite é de 19 graus, mais baixa do que os 20 graus
que costumo colocar no meu ar-condicionado no verão da minha cidade que conheço
desde que nasci. Não é uma impressão, é uma experiência pessoal e compartilhada
com toda a população. Está acontecendo agora. E, a experiência vivenciada é um importante fator para a formação de uma convicção pessoal sobre qualquer assunto. É a realidade tangível.
Está
praticamente impossível saber em que e em quem acreditar. Isso causa uma incomoda
sensação de insegurança e de confusão mental.
Alguma coisa não está batendo nos discursos climáticos.
Gostaria muito de ter conhecimento suficiente para entender o que está
acontecendo de verdade. Mas, como sempre, a coisa mais difícil de
conseguir sobre qualquer assunto, hoje, é a verdade. Aquela saudosa verdade científica
na qual todos acreditavam e que estava acima de qualquer suspeita por ser produzida
por cientistas idealistas e sérios que, para preservar suas reputações e
dignidade, se mantinham a distância das políticas partidárias. Claro que isso é puro romantismo barato, a corrupção existe desde que o mundo é mundo. O que mudou foi, nada...
No Brasil, está verdadeiramente impossível de se situar
sobre qualquer assunto, os científicos inclusive.
Num país de ignorantes, a ciência é filha bastarda e
feia. Não tem pai nem mãe. Apenas uns abnegados que ainda não foram embora ou que
não tiveram suas verbas de pesquisa suspensas.
Quem é “Lula livre” acredita e defende o aquecimento
global e veste camiseta da Greta Thumberg, quem é “Bozo” desacredita com a mesma convicção, só que fazendo
arminha com a mão. Ou seja, para quem deseja verdade científica, desses matos
não sairão animal algum.
As mídias sociais, hoje, fazem o papel do que antes chamávamos
de sabedoria popular boca a boca. Por isso, encerro parafraseando postagens no Facebook :
Se
você não está completamente confuso sobre as mudanças climáticas é porque está
totalmente desinformado.
A Casa Encantada
Contos do Leblon
Edmir Saint-Clair
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