google.com, pub-7436220793694599, DIRECT, f08c47fec0942fa0 Cult Mente: DESENVOLVIMENTO HUMANO: TEORIAS COMPORTAMENTAIS E COGNITIVAS - Guilherme Hebling Costa

DESENVOLVIMENTO HUMANO: TEORIAS COMPORTAMENTAIS E COGNITIVAS - Guilherme Hebling Costa

A psicologia do desenvolvimento se ocupa de estudar o crescimento e maturação humana ao longo do tempo, o que inclui aspectos físicos, cognitivos, sociais, emocionais, de personalidade, entre outros. Ao compreender o processo normativo de desenvolvimento, torna-se possível identificar potenciais déficits psicológicos e oferecer intervenções adequadas.

Nesse artigo apresento algumas das principais perspectivas acerca do desenvolvimento humano, principalmente o desenvolvimento infantil, período ótimo para se observar esses processos maturacionais. É importante salientar que em apenas um texto não será possível abordar todos os detalhes e complexidade de cada teoria, além de que existem outras perspectivas relevantes que não serão incluídas aqui, por exemplo, as teorias de processamento de informação.

Perspectivas comportamentais
Behaviorismo
Watson, considerado o pai do behaviorismo, acreditava plenamente na importância da aprendizagem para o desenvolvimento humano (Horowitz, 1992). De acordo com ele, a melhor forma de estudar e avaliar o desenvolvimento humano é por meio de observações sistemáticas, ao invés de recorrer a especulações mentalistas. Além disso, o desenvolvimento seria proporcionado pelo estabelecimento de associações entre estímulos e respostas.
Dessa forma, fica claro que nessa perspectiva o desenvolvimento de cada indivíduo irá depender do ambiente no qual está inserido e, portanto, podem apresentar considerável variabilidade. Ademais, essas idéias aumentaram a responsabilidade que os adultos tem pelo futuro de suas crianças pais. De acordo com Watson:
“Faça com que seu comportamento seja sempre objetivo, firme e gentil. Nunca os abrace ou os beije, nunca permita que eles sentem no seu colo… aperte a mão [de seu filho(a)] pela manhã. Dê-lhes algum agrado quando tiverem um bom desempenho em alguma tarefa difícil… Dentro de uma semana você irá descobrir como é fácil ser objetivo…, porém gentil. Você se sentirá envergonhado pela forma como sempre tratou seu filho(a) de forma sentimental e piegas.”

Aprendizagem Operante
Por meio de estudos com animais, Skinner propõe uma nova ideia sobre como aprendizagem ocorre, mais especificamente, que animais (racionais e irracionais) emitem comportamentos com mais frequência quando estes produzem algum resultado positivo e diminuem quando ocorre algo negativo (1953). Algo que afeta a frequência com que um comportamento específico seja emitido é chamado de “reforçador”

A teoria de Skinner afirmava que hábitos se desenvolvem como resultado da aprendizagem operante, por exemplo, um garoto que, ao praticar bullying, é recebido com aplausos por seus colegas, é reforçado e muito provavelmente se tornará mais agressivo ao longo do tempo. Dessa forma, de acordo com a teoria da aprendizagem operante, desenvolvimento humano não depende de instintos ou impulsos, mas sim de estímulos externos (ambiente).

Teoria Social Cognitiva
Descontente com a ideia de considerar apenas comportamentos observáveis e ignorar pensamentos e sentimentos, Bandura sugeriu que aprendizagem observacional, ou seja, ver alguém executar algo de forma adequado e funcional, é crucial no processo de desenvolvimento.

Aprendizagem observacional exige que mecanismos cognitivos estejam atuando, pois precisamos nos atentar ao que está sendo feito, compreender e codificar as informações, e armazená-las em nossa memória de longo prazo.

Bandura era um forte defensor do conceito de determinismo recíproco, o qual reflete uma interação entre o indivíduo, seus comportamentos e ambiente de forma bidirecional. Dessa forma, todo indivíduo é agente ativo em seu desenvolvimento, tendo a capacidade para agir no ambiente, o que irá por sua vez influenciar seus comportamentos.

Uma das principais críticas a esses modelos é sua aparente simplificação de processos que podem ser muito mais complexos, por exemplo, não levando em consideração fatores biológicos, genéticos e hereditários.

2) Perspectivas Cognitivas

Piaget
Um dos principais nomes do desenvolvimento humano é Jean Piaget. Durante seu tempo trabalhando na área de psicometria (testes, questionários, etc.) observou que muitas crianças davam respostas das mais diversas e passou a se interessar o porquê dessas diferenças.

De acordo com Piaget, os indivíduos estabelecem 
esquemas cognitivos, ou seja, um padrão organizado de comportamentos e pensamentos, que é utilizado para resolver determinado problema ou situação. Portanto, crianças estão ativamente construindo novas compreensões sobre o mundo e suas experiências. Diante de uma situação nova, porém similar a outras anteriores, a criança é capaz de assimilação baseado em suas experiências prévias. Quando a situação é muito diferente, a criança deve adaptar seus esquemas cognitivos, um processo conhecido como acomodação.

Piaget afirmava que nos dependemos continuamente do processo de assimilação e acomodação: Nos tentamos compreender novas experiências ou situações usando os esquemas cognitivos que já possuímos, porém muitas vezes estas não são o suficiente e as revisamos e adaptamos (Piaget, 1952).

Vygotsky
Apesar de muitos estudiosos aceitarem o modelo de desenvolvimento de Piaget, já foi demonstrado que este subestimou consideravelmente a capacidade de crianças (Ellis & Bjorklund, 2005).

Vygotsky, outro importante estudioso do desenvolvimento humano, criticou o fato de Piaget não ter levado em consideração influências sociais e culturais sobre o desenvolvimento, sendo que muitas crenças, valores, tradições e habilidades são transmitidas de uma geração para a outra e dependem de toda uma história social.

Dessa forma, Vygostky considerava o desenvolvimento cognitivo como uma atividade socialmente mediada, na qual ela adquire mais conhecimento de membros mais experientes e competentes da grupo no qual está inserido.
 Guilherme Hebling Costa
Referências
Bandura, A. (1977). Social learning theory. Englewood Cliffs, NJ: Prentice-Hall.
Ellis, B. J., & Bjorklund, D. F. (Eds.). (2005). Origins of the social mind: Evolutionary psychology and child development. New York: Guilford.
Piaget, J. (1952). The origins of intelligence in children. New York: International Universities Press.
Skinner, B. F. (1953). Science and human behavior. New York: Macmillan.
Horowitz, F. D. (1992). John B. Watson’s legacy: Learning and environment. Developmental Psychology, 28, 360–367.
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